I
Muitas empresas criam áreas responsáveis pela Inovação. Estas áreas costumam ficar na fronteira entre a forma como a empresa sempre operou e as novas possibilidades do mercado. Elas atuam como equipes de reconhecimento, exploradores das possibilidades e de cenários futuros
II
As pessoas que formam estas equipes tendem a ter uma capacidade de observação excelente. Conseguem enxergar tendências quando elas agitam os fóruns online especializados, muitos anos antes de aparecerem no Fantástico , Domingo à noite.
No Mundo, coisas interessantes acontecem nas fronteiras. Veja o comércio de fronteira entre países com políticas econômicas diferentes, a criatividade de uma universidade que coloca áreas científicas e humanísticas próximo umas das outras ou a criança imigrante que atua como interprete dos seus pais. A exposição a duas ou mais realidades produz resultados únicos!
Você sabia que na fronteira entre o Canadá e o Polo Norte estão surgindo ursos que são um cruzamento entre o urso polar e o urso pardo? É nas fronteiras que coisas especiais acontecem.
Na prática, a nossa analista atuou como exploradora: encontrou conhecimento num território e necessita trazê-lo para outro
É claro que a noção de fronteira não precisa ser física. Existem fronteiras entre áreas distintas do conhecimento, entre as fases da vida de uma pessoa ou entre os estados da matéria. A minha interpretação desta observação é que na fronteira há regras que perdem valor e outras que se assumem soberanas, mas naquele espaço-tempo intermédio, ainda não é claro quais irão vingar. E tudo é possível, incluindo trazer novas regras.
III
Se uma área ou departamento de inovação está nesse espaço que divide o que fazemos hoje e o que fazemos amanhã, então tem que saber navegar esse terreno especial e um pouco indefinido.
Imagine que uma analista de inovação, através de suas pesquisas pessoais, descobriu uma tecnologia emergente, que está sendo testada em algum lugar do mundo. Como ela pode trazer essa novidade para dentro da sua organização? Como pode explicar a um público executivo, com décadas de experiência em um aspecto particular da organização, que há algo no horizonte, ainda complexo e difícil de aplicar, que pode transformar tudo o que conhecem? Sabemos que não é fácil, mas podemos aumentar suas chances de sucesso.
Na prática, a nossa analista atuou como exploradora: encontrou conhecimento num território e necessita trazê-lo para outro. Ela precisa traduzir os valores do que é novo (“inovação”, “incerteza”, “possibilidade”) para vantagens apreciadas pelo já estabelecido (“aplicação”, “retorno”, “consistência”).
IV
Acontece que sempre que olhamos para projetos gigantes e ao mesmo tempo transformadores, encontramos mapas, gráficos, esquemas e sistemas. Isto não acontece por acaso: uma das grandes vantagens da visualização de informações é que nossos cérebros já dedicam muitos recursos à compreensão de imagens. Nossas idéias podem pegar uma carona em todo esse potencial.
Considere este mesmo texto que está a ler: ele tem uma sequência linear e supõe-se que todas as pessoas irão começar pelo topo e terminar no fundo. No entanto nem todas as pessoas se interessam por especulação sobre a importância do conceito de “fronteira” ou pela pequena história da nossa analista. Elas podem preferir começar por outro ponto do texto e explorar os conceitos a partir daí.
Com uma representação visual dos principais conceitos, elas podem fazer isso mesmo.

V
Ao representar visualmente este post, os nossos argumentos mais ou menos abstratos ganharam alças ou pegas e são agora muito mais fáceis de manusear. Você pode enxergar uma falha argumentativa ou encontrar uma ligação que eu não havia feito. Pode até analisar um ponto a partir de um outro ponto de vista.
Voltando à história da nossa analista: ela pode transformar a nova tecnologia promissora, suas implicações e aplicações, suas possibilidades e exigências em um mapa semelhante.
Diferentes pessoas e perfis irão navegar esse mapa de formas distintas e cada uma encontrará fatores que lhe são mais importantes. É muitíssimo melhor do que fazer uma apresentação tradicional em PPT.
VI
Existem 2 notícias, uma é boa e a outra também pode ser (depende como você vê as coisas):
- A parte boa é que esta forma de pensar visualmente já nos é nata.
- A outra é que muito pouca gente a desenvolve. Mas se você é dos que gosta de sair na frente, tem aqui uma boa dica para desenvolver.
Escrevo estas postagens porque gosto do tema e acho estimulante pensar sobre ele, mas é claro que podem servir para mostrar como podemos trabalhar juntos.
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